terça-feira, 29 de novembro de 2011

- viver é?

- Viver é não ter a vergonha de ser feliz.
- Você diz isso como se fosse o Gonzaguinha!
- Não... - retruquei - digo isso porque me sinto viva!
- Quando?
- Quando eu quero abrir mão, mas a esperança fala mais alto. Quando preciso de ajuda, mas meu orgulho diz “Você consegue sozinha”. Quando eu me sinto completo, percebo que continuo só e isso não parece um problema. Quando me olho no espelho e me decepciono com o que vejo. - ele sorriu. Continuei - Quando perguntam o que sou e não sei como responder. Quando fico convicta do que não quero, mas incerta sobre o que quero. Quando a mesma música repete tantas vezes que não paro de ouvi-la porque me acostumei com a batida. Quando escrevo algo sem ter que parar para pensar. - sorri - Quando eu sorrio, mesmo estando triste, e, então, tudo parece menos cinza. Quando “enfim” é usado para demonstrar uma desistência. Quando a surpresa é tanta que não sei que expressão usar. Quando fico tão feliz que começo a fazer barulhos estranhos. Quando eu gosto da cor do meu esmalte e o repito por semanas. Quando me sinto bonita e quero que todos me confirmem isso. Quando não durmo por noites e alguém se preocupa quando digo. Quando eu tenho um problema e ninguém nota. - abaixei a cabeça. Respirei fundo e sorri - Quando eu me sinto boa em algo e alguém me elogia por isso. Quando não sinto nada de bom há dias e como um chocolate. Quando sinto algo que não sei como explicar e uma música faz isso por mim. Quando já passei por tanta coisa ruim que os problemas dos outros parecem bobagem e posso ajudá-los. Quando meu sorriso parece tão falso que nem eu acredito. Quando duas lágrimas escorrem pelo meu rosto e eu não consigo mais chorar. Quando eu aconselho algo que não faço. Quando eu abraço algum amigo e não quero e não consigo mais soltá-lo. Quando sou feliz, mas não estou. Quando eu bato em alguém quando quero abraçá-lo. Quando tudo parece ser nada e nada é tratado como tudo. Quando meu cachorro parece me entender mais do que eu mesma. Quando o erro me faz bem. Quando o acerto me leva pro destino errado. Quando estou em dúvida do que vestir e alguém me confirma. Quando alguém me faz sorrir sem nem perceber. Quando alguém me faz chorar e não nota. Quando me sinto só por opção.
- Tudo isso te faz sentir viva?
- Ah, qualé. Eu sou uma escritora. Não tenho direito de dizer coisas inexoráveis?
Rimos.

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