terça-feira, 24 de janeiro de 2012

noites angustiantes, manhãs brilhantes

- Essa foi mais uma das noites que eu achei que não fosse conseguir.
- Conseguir o que?
- Continuar esperando o sol nascer. É o que disseram. Pra eu ter esperança, pois o Sol sempre nasce pela manhã... Mas tem algumas madrugadas que eu sinto como se não conseguisse esperar. A dor é tanta que eu não posso esperar até o sol nascer. Dá vontade de desistir.
- O sol tá sempre nascendo em algum lugar, Ana. Sempre.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

vida?

E a gente tem essa coisa de querer esperar que a vida melhore. A vida tá acontecendo, sendo melhor ou pior, ela tá acontecendo. E a gente tá perdendo lugar. Fica esperando que as coisas fiquem melhores sem nem tentar melhorar pela gente mesmo. E daí ela passa e a gente perde a vida. Assim, que nem a gente perde a chave ou o papel que anotou algo importante. Porque a gente perde muito tempo esperando que as coisas mudem sozinhas e esquece que a vida não é gente, mas que que nem gente, precisa de um empurrãozinho pra ficar melhor.

a chuva não chove pra sempre

E eu não sei nem porque a gente tem essa mania chata de ficar mal por tanto tempo. Não por ser o tempo todo, mas por ser por tanto tempo. A gente sabe que a tempestade vai passar, que não pode chover pra sempre e que vai ficar tudo claro de novo. Só claro o suficiente, não de menos que precisemos acender a luz, nem demais que precisemos colocar óculos de sol. Só o suficiente pra estarmos aptos a seguirmos normalmente. O dia fica claro de novo, não dá pra chover pra sempre. As coisas vão acabar melhorando uma hora ou outra. Uma hora ou outra, a gente supera o que nos magoava, entendemos que as coisas não são como queremos, que não podemos ter tudo que desejamos e seguimos em frente. Porque a gente tem perna pra andar, não pra ficar sentado. Se a gente passa tempo demais ficando triste, a gente esquece como é muito melhor ser feliz. Como as pernas da gente. Se a gente fica tempo demais sentado, as pernas atrofiam e a gente tem que treinar pra andar normalmente de novo, e nem sempre o resultado é perfeito. Enfim, até chegar aí - nisso do dia clarear e a gente se conformar da vida não ser como a gente queria que fosse -, é tanta mágoa, tanto rancor, tanta inimizade, tanta cara feia que chega a incomodar até quem não sabe nem do que se trata. E a gente tem essa coisa irritante de achar que nunca vai passar. Acho que é porque na hora que tá tudo feio, a gente tem mesmo essa sensação de que nunca vai passar. E a gente procura em tudo algo pra gente dar um sorrisinho de canto de tão bonito que é.
Eu sei lá... Já escrevi tudo tão colorido que hoje parece que as frases são todas feias e sem cor. Só me parecem bonitas e coloridas aquelas em que uso ponto de exclamação... Ah!

leve

Vou te dizer uma coisa: aprendi a ser mais carinhosa, mais doce. Com a vida, com as coisas, com as pessoas. Só falta, agora, aprender a ser um pouco mais de tudo isso comigo mesma.

domingo, 8 de janeiro de 2012

validade excedida

Nada dura pra sempre. Passa. Cansa. Esgota. Somos obrigados a desapegarmos. Ou desapega, ou convive por comodidade. Você sabe. Você escolhe.

letter to no one

Foi bom ter passado por isso tudo. A dor, a angústia, as mentiras, as omissões, a falta, a saudade, a impotência... Tudo me fez crescer, ver o mundo de outra forma, perceber coisas sobre pessoas, aprender mais sobre mim. Levou-me ao realismo absoluto em questão de dias e isso foi bom.
Agora chega. Tomei um café quente, aumentei a batida dançante das músicas cotidianas e sorri.

):)

Tenho visto muito pouca gente sendo feliz, e isso vem me motivando cada vez mais a sê-lo.

sábado, 7 de janeiro de 2012

tem história que fica mais bonita quando não tem final feliz

E você gosta de mim, e eu gosto de você. Não é? E você gosta de me beijar assim como eu gosto de te beijar? E a gente ri junto, e chora junto. A gente segura as pontas quando tá junto. Né? A gente se ajeita, se abraça e se entende. E ninguém mais precisa se meter. A gente dá um jeito... Né? E a gente faz história, escreve história e inventa história que ninguém mais vai ouvir. A gente se perde no normal e se acha no fora do comum. E todo mundo diz "mas por que é que vocês não ficam juntos, então? Se vocês se gostam e se dão tão bem...", mas acho que só a gente sabe. A gente sabe que só se dá bem junto, só se ajeita e se entende porque, no fundo, a gente sabe que a gente se gosta, mas que isso desde o começo foi feito pra não dar certo. Porque final feliz é bonito em novela, mas na vida real tem conto de fadas que fica muito mais bonito quando vira história que a gente conta sorrindo.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

conclusões de uma tarde perdida ganhando pensamentos

Passei mais um dia invisível. Acordei com uma aparência cansada que ninguém percebia, talvez porque não houvesse razão para tal cansaço. Lutei contra meu sedentarismo imperceptível e fui caminhar na praia. Esbarrei em dois ou três que passavam por mim. Nenhum deles pediu desculpas, apesar de eu tê-lo feito. Estão ocupados com as suas próprias vidas, pensei. Tá aí mais uma coisa invisível para mim: a vida. Andava tão parada que até mesmo caminhar e pensar sobre isso me fazia rir. Isso é um problema?, me perguntava. Estar feliz, quero dizer. Essa felicidade invisível para o mundo e tão clara e... feliz para mim. De vez em quando, parava para olhar o mar. Assim, sentada em um banco qualquer do calçadão, olhando o mar, admirando-o. Sem nem perceber, sorria. E nem sei o porquê. Acho que é o verão. Assim: o inverno me traz tristeza e o verão me traz felicidade. Será que sou tão inconstante que nem mesmo meu jeito de lidar com as coisas permanece igual? Digo, os problemas continuam os mesmos - eles não vão embora junto com o tempo gelado do Inverno. As flores da primavera se desabrocham e os problemas continuam lá. O Sol ilumina o céu de verão e, mesmo assim, os problemas não se vão. Só parecem invisíveis. Ou visíveis, mas viáveis de serem solucionados. Parece que a Mallu Magalhães estava mesmo certa... A vida não é uma concepção, é uma mudança... É, Mallu... A única concepção que temos da vida é a concepção de que iremos mudar. E, às vezes, até mesmo essa concepção é invisível...

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

reticências, linha debaixo, parágrafo, letra maiúscula

Quantas vezes precisarei repetir?
O que?
...
Repetir o que?
Eu não sou assim. Posso ser, se eu quiser, mas não sou. Escolhi não ser. Então, por favor, não me obrigue a me cansar. Eu não quero me cansar de você, já estou cansada de coisas demais. E estou vivendo, sorrindo e continuo bem. Por favor, eu te imploro. Não me obrigue a me cansar de você. Entenda que eu não sou assim e dificilmente corresponderei às suas expectativas. Não crie esperanças sobre mim, não me culpe por não saber resolver os seus problemas. Os problemas são seus, é você quem pode (e deve) lidar com eles. Sinto muito.
Acho que eu também.