segunda-feira, 30 de abril de 2012

uma grande bagunça de nada com coisa alguma

Não sei bem o que pretendo escrever, mas sei que existe algo a ser dito. E não queria que isso soasse como uma confissão. 
Em primeiro lugar, quero deixar claro que eu gosto de café. Puro, forte, quente, com pouquíssimo açúcar e muita canela. E isso deve ter algo diretamente relacionado com o meu mau humor de todos os dias. Não sei se sou mau humorada ou só mal resolvida. De qualquer forma, não faz diferença. O importante é: eu não sou muito adepta a emoções demonstradas livremente. 
Tenho tendência a me estressar com qualquer assunto que contrarie a minha verdade. E isso acontece por quê? ...não sei. E também não sei se quero saber. Qual seria sua relevância? Por muitas vezes escolho a dúvida, porque a certeza não me faria diferença. É claro que saber o porquê do meu stress pode me trazer pra mais perto da solução, mas e se eu não fosse irritada como sou? Eu resolveria meus problemas tão bem? Ajudaria os outros? Teria tamanha compaixão? Tamanha curiosidade pelo mundo afora?  
Creio que não. Alguns problemas e características negativas são significativos para qualquer que seja a pessoa à quem são atribuídos.
Gosto muito de desenhar, mas não sei. Não sei fazê-lo bem e não sei o que fazer pra melhorar. Confesso que não  me esforço muito, porque não ligo de pintar tortinho. Nem de tremer e nem de ter pessoas vesgas em todo desenho que faço.
Na verdade, até gosto dessas coisinhas. É claro que preferiria desenhar super bonito e ganhar dinheiro como ilustradora free-lancer desde os quinze anos de idade. Mas isso não acontece, então... me contento com a feiurinha e a falta de perfeição no meu traço. Faz parte.
Gosto muito de ler. Leio pelo menos meia dúzia de contos ou crônicas por dia. Sem exageros. Se pudesse leria o dia inteiro. Não leio, porque nunca encontro uma posição confortável. No ponto ápice da história a coluna dói e me desconcentro. Até achar um lugar onde meus braços não se movam, minhas pernas não cambaleiem e minha coluna não doa, já deu a hora de ir pro banho, de ir pra aula, de voltar pro trabalho ou de ir dormir. 
Eu vivo plugada no computador. Leio notícias, converso, testo diversos tipos de programas, escrevo, fuço, encontro artistas, compartilho tudo quanto é tipo de coisa legal, ouço músicas, conheço ilustradores e desenhistas mirins... Enfim. É quase útil, se não fosse completamente inútil. Porque quando eu saio do computador e vou pra aula, o que conta mesmo não é quantos livros eu li no final de semana ou quantos milhões o deputado da cidadezinha do sertão nordestino roubou. O que importa é qual é o valor do cossecante de x quando y=3cossecx.tgx/2senx. E quanto vale pi. E quantos milhões de hemoglobinas existem no meu corpo. E como chama a mulher que fez o Rei Inglês mudar a religião da Inglaterra para o protestantismo. E como é o nome da fase da meiose em que acontece o crossing-over.
E, no fundo, eu sei tudo isso. Só que não sei a relevância que isso pode ter na minha vida. Quero dizer, sei que tem a ver com a educação. E que pessoas bem educadas têm menor tendência a cometer crimes e maior possibilidade de cursar uma boa universidade e ter um futuro promissor. Mas não faz diferença, no fim das contas. Porque ninguém ensina na escola o que fazer quando você não está feliz com uma situação e não tem para quem correr. Ninguém ensina o que fazer quando você sai da casa dos seus pais e tem vontade de voltar pra toca. Não tem uma disciplina escolar que explique detalhadamente como superar uma decepção com alguém que você confiava. Não tem manual pra superar a perda.
Mas confesso: eu amo estudar. Aprender mais sobre essas coisas que não me ajudam em nada no futuro. Aprender esse monte de blablablá que é a vida das pessoas dos séculos antes de mim. E aprender a matemágica da fé. E ler literatura; me entupir de realismo e classicismo. 
Eu brinco com meu cachorro. E me jogo no chão pra ele não cair. E o aperto como se fosse a última vez que pudesse apertá-lo. Porque um dia vai ser. Meu cachorro já foi atropelado e quase morreu. Foi uma semana de medicamentos fortes e sem poder brincar. Uma semana de chororô e leitura sobre "como age um cachorro que está prestes a morrer". A veterinária deu a ele apenas quatro dias. Sete meses atrás. 
Isso me faz mais feliz. Esse amor pelo Bob, por aprender as coisas, pela leitura, pelo desenho torto, pelo artesanato mal feito, pelo café sem açúcar. 
E eu continuo mal humorada, mas feliz. E chata, mas feliz. E torta, mas feliz. E inconstante, mas feliz. E bem informada, mas feliz.
Isso basta.
Pelo menos pra mim.

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