quinta-feira, 1 de março de 2012

ela é a menina que eu mais gosto no mundo

- É que... mãe, tem uma menina que mora aqui na rua de baixo. E... - ele abaixou a cabeça e corou.
- É a Maria Fernanda, Cadu? - a mãe perguntou, ajoelhando-se para ficar do tamanho dele.
- É, mãe, é... É que... ela é legal, sabe? E a rua toda diz que ela gosta de mim. E eu acho que eu gosto dela também, mãe. - escondeu o rosto nas mãos.
A mãe com um sorriso enorme no rosto, perguntou:
- E por que você acha isso?
- Às vezes, quando a gente tá jogando bola, ela vai lá na quadra e fica sentada olhando. Eu não tenho certeza, mas tenho uma vontade tão grande que ela olhe pra mim. É que eu sempre olho pra ela, mas viro a cara quando ela vê que tô olhando... Abaixo a cabeça e sempre torço pra ela tá olhando pra mim também. Será que ela tá olhando pra mim, mãe?
- Acho que tá, filho... A Maria Fernanda é uma menina legal. Você devia convidá-la pra comer bolo de chocolate com a gente amanhã!
- Mas, mãe, e se ela disser não?
- E se ela disser sim, Cadu? Você é um homem ou um saco de batatas? - a mãe brincou.
- É que, mãe, eu tenho tanto medo... É estranho, porque eu gosto de sair correndo atrás das borboletas com ela. E ela não tem medo de se jogar na lama que nem as outras meninas. Os meninos vão me zoar tanto quando eu disser isso. - Cadu entristeceu sua fisionomia e baixou a cabeça no ombro da mãe, já sentada no chão.
- E se você gostar dela e ela gostar de você, Cadu?
- Aí a gente vai namorar, né, mãe? E depois a gente vai casar. Ela disse que quer ter quatro filhos. Eu acho que são muitos, mas dou conta, se ela quiser dar conta comigo...
- Mas casamento, já? Você só tem nove anos!
- Ah... ela é a menina que eu mais gosto do mundo inteiro. E nem precisei conhecer todas as meninas do mundo pra saber disso. Não ligaria de usar bengala com ela do lado, mãe.
- É, Cadu... Você tem muito o que aprender ainda...
- Ué, mãe, não é isso que acontece quando as pessoas se gostam? A gente namora, casa, tem filhos, cuida deles, envelhece, olha os netos, primeiro eu morro e aí ela morre... Que nem nos filmes.
- É, filho, é sim... Chama a Maria Fernanda pra vir comer bolo com a gente amanhã.
- Mãe, só uma coisa... Ela disse que prefere que a chamem de Mari. Você...? - ele pediu.
- Tudo bem. Agora vai tomar um banho e se trocar que o jantar tá quase pronto. E preciso preparar o bolo da Mari... - e gargalhou.

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