quinta-feira, 22 de março de 2012

outono, Tempo, café e devaneios (aparentes)

Não sei o que há de tão belo no outono que me faz sorrir tanto assim.

Entendo que seja algo a ver com o verde no chão. Tenho certo apreço pelo tapete natural que há nas ruas nessa estação. Preciso admitir que, quando eu era mais nova e varrer tais flores fazia parte das minhas tarefas diárias, o outono era a estação que mais me irritava.

Admiro ainda mais o gosto do meu café rotineiro nessa época. Encho mais e mais xícaras, apesar de meu pai irritar-se com tal hábito. Nunca fui o tipo de menina que se importava com coisas femininas como maquiagens ou roupas cor-de-rosa, mas minha vontade de ler livros literários e beber baldes de café (só em dias frios) me acompanha desde os dez, onze anos. Isso é muito, se levarmos em consideração que... não há o que ser levado em consideração.

Me perdi.

Parei pra pensar nessas frases de impacto que encontro por aí.

(é isso que dá tentar escrever sem música instrumental nos ouvidos... os pensamentos invadem)

Imagine só se um dia você acorda e tem um treco (é, um treco. Um negócio. Imagine-o como for) preso na sua porta, dizendo "Oi. Eu sou o Tempo. Vim aqui pra te pedir, por favor, pra parar de dizer que eu resolverei as coisas. É que tô engordando tanto. Eu não consigo nem mais tentar ajudar as pessoas, não passo na porta delas. Tudo quanto é coisa que acontece no mundo dizem que o Tempo vai curar. Eu sei, eu sei que eu ajudo. É que... Sabe? É tanto "O Tempo cura" que as pessoas nem me ajudam mais, sabe? E eu adorava ajudá-las, elas ficavam tão bonitas depois. Dava trabalho. Algumas me tomavam três, quatro de mim. Mas era recompensante olhá-las nos olhos depois e vê-los brilhando. Era bom enchê-las de felicidade e esperança. Sentimentos bons. Agora não dá mais, não querem mais minha ajuda. As pessoas, agora, gostam tanto dessa tal doença que chamam de amor que não se preocupam em tentar me ajudar. E aí eu fico cheio de coisas, doenças pra curar e incho. Só queria te pedir. Eu sei que esse é o jargão que você mais usa, mas é que não aguento mais. Agora, me ajuda aqui que tô preso. Essas portas já foram mais largas..."

Que estranho, né? Mas até que faz sentido.

Esse é o tipo de coisa que passa pela minha cabeça quando eu olho pela varanda da sala numa tarde qualquer de outono e vejo um tapete de folhas secas se formando, enquanto tomo uma bela xícara de café.

Até que não me perdi tanto...

Ou será que me perdi e nem vi?

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