quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

monomania

Ela tocou na palma das minhas mãos e, por um segundo, pude sentí-la por inteiro, como alguém real e que, de fato, estava ali. Virei o resto da bebida e agradeci por poder tocá-la. Devo tê-lo feito em voz alta, ela sorriu. Não podia me importar com isso, não mais, não agora. A moça, o toque, a bebida, o cigarro. Não podia, porque a importância que deveria ter sido dada já tinha sido dada e foi dada e tantas coisas já haviam sido dadas: importância, amor, beijos, desconsideração, ódio. “Por que você ainda está aqui?”, ela perguntou. “Por você”, pensei, não disse, mas pensei. Sorri. De certa forma, as coisas estavam fadadas a serem assim. Pensamentos não ditos, bebidas sempre acabadas, maços vazios e infinitas histórias e respostas escondidas no silêncio de um sorriso sem dentes que expressava tudo o que eu não podia, mas queria, queria e como queria, mas não podia dizer.

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